Se a lua sorrisse, pareceria com você.
Você também deixa a impressão
De algo lindo, mas aniquilante.
Ambos são bons em roubar luz alheia.
A boca da lua se lamenta ao mundo; a sua não é insensível,
E seu maior dom é fazer tudo virar pedra.
Desperto num mausoléu; você está aqui,
Tamborilando na mesa de mármore, procurando cigarros,
Malicioso como uma mulher, não tão nervoso assim,
E louco pra dizer algo irrespondível.
A lua, também, humilha seus súditos,
Mas de dia ela é ridícula.
Suas insastifações, por outro lado,
Chegam pelo correio com regularidade encantadora,
Brancas e vazias, expansivas como monóxido de carbono.
Nem um dia se passa sem notícias suas,
Passeando pela África, talvez, mas pensando em mim.
Sylvia Plath - Ariel - Tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lens de Macedo
Poema retirado do livro ganhado com muito amor e cuidado, livro esperado como um filho! Obrigada!