quarta-feira, 29 de setembro de 2010

23=2+3=1+1+2+1=1+1+1+1+1=5voltasemtornodemimmesma

poucos minutos antes de eu me encontrar com o sol
sintonizei meus sentidos em tudo aquilo ao meu redor
me senti viva
como há tempos vinha tentando estar
reconheci o conhecido
me encontrei com o esperado
entre terra e céu,
cores e calores sutis
me tocavam a pele
a beira do mirante mais alto
de frente aquele abismo tão esperado
contemplei o sol, seu nascimento
o vento vivo e forte
e o silêncio que permanecia sem me ofender hora nenhuma
nada. nada era ofensivo demais ou de menos
tudo alcançava exatamente onde podia chegar
pensei e senti incontáveis vezes: ESTOU VIVA.
segui certa de estar no caminho,
e não havia mais nada que me impedisse de estar ali
todas as durações
a do cigarro, a do café, a da partida
apesar de toda lisergia dos instantes
me vi tão consciente
a ponto de compreender todos aqueles silêncios
e todas aquelas cores que se mostravam à medida
que o sol se dava ao dia
12hrs
todo o tempo do mundo que eu precisava pra voltar a ver sentido
vivi dentro e fora de mim
o suficiente para me repetir inúmeras vezes:
ESTOU VIVA.
esse foi o presente que estava esperando por mim
e agora, depois de ter me reconhecido denovo
todos os dias me reservam o inesperado esperado
que eu vivo num silêncio que me acolhe e me acalma

terça-feira, 28 de setembro de 2010

OuroPreto [Reconhecendo o conhecido]
















A Flor e A Náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,

vou de branco pela rua cizenta.

Melancolias, mercadorias, espreitam-me.

Devo seguir até o enjôo?

Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:

Não, o tempo não chegou de completa justiça.

O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobre

fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.

Sob a pele das palavras há cifras e códigos.

O sol consola os doentes e não os renova.

As coisas. Que triste são as coisas, consideradas em ênfase.

Vomitar este tédio sobre a cidade.

Quarenta anos e nenhum problema

resolvido, sequer colocado.

Nenhuma carta escrita nem recebida.

Todos os homens voltam pra casa.

Estão menos livres mas levam jornais

e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?

Tomei parte em muitos, outros escondi.

Alguns achei belos, foram publicados.

Crimes suaves, que ajudam a viver.

Ração diária de erro, distribuída em casa.

Os ferozes padeiros do mal.

Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.

Ao menino de 1918 chamavam anarquista.

Porém meu ódio é o melhor de mim.

Com ele me salvo

e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.

Uma flor ainda desbotada

ilude a polícia, rompe o asfalto.

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,

garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.

Suas pétalas não se abrem.

Seu nome não está nos livros.

É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.

Do lado das montanhas, nuvens macias avolumam-se.

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.

É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

[drummond]

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

quantos dias faltam para primavera?

amora de tão madura
hoje cedo
c
a
i
u
do pé


expõe suas queimaduras
fere o papel

a mão machuca a flor
na indelicadeza do toque

dentre ruínas
algo prevalece

quem amaria teus defeitos e limitações mais do que eu?

encontrei o mapa das suas pintas
encontrei as sementes que nunca sentiram a terra
quanto vale a memória?
um dólar amassado na carteira?

"se eu sou algo incompreensível, meu Deus é mais"

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

o amor insiste!