quarta-feira, 4 de maio de 2011

sobre a saudade, por ele.

texto escrito em maio de 2008. já se passaram 3 anos, e hoje, mais que ontem e menos que amanhã, ele faz um falta danada!

.: algumas lembranças me deixam bem confusa diante dessa falta. como eu tinha pouca idade, as vezes me pergunto, se realmente aconteceu, ou se eu estou aumentando ainda mais essa saudade. naqueles últimos dias em que visitei você, meu coração batia bem apertado aqui dentro, e as lágrimas caiam de tanta dor, dor de ser inútil naquele instante, de saber que nem se eu lhe desse a mão (como antigamente) você ficaria de pé, seria uma tentativa sem solução igual a de falar, dar bom dia, perguntar se está tudo bem e esperar uma resposta tua, você só respondia com os olhos, e seu olhar trazia muita tristeza, dor e despedida. nessas horas os pensamentos torturam, e o arrependimento é algo inevitável. mas chorei foi de saudade, em momento algum de arrependimento, porque você já faz falta, e mesmo daquela forma difícil em que você estava vivendo, você estava ali presente, e eu com todo meu egoísmo ficaria feliz se por toda eternidade você continuasse ali, para que eu pudesse pelo menos resmungar algumas palavras, perguntar se você fez a barba, pedir a bênção, ou perguntar do jogo de futebol que passou ontem na televisão. foram anos, entrando em casa e repetindo as mesmas palavras: sua bênção! quando eu estava de saída gritava: sua bênção! fica com Deus! e ouvia já bem baixinho, perto do portão: sua bênção minha filha, vá com Deus! tanta saudade. gostava de sentar em seu colo, e pegar as balinhas de hortelã naquele bolso mágico, com balinhas e alguns trocados, que de vez em quando eu também ganhava pra comprar papel de carta. você passava o dia todo jogando dama comigo, me ensinou cada truque, e o mais importante: sempre me deixava ganhar! e eu sempre acreditava e ficava toda orgulhosa achando que tinha aprendido tão bem, que nem você ganhava mais de mim. sempre lhe dei a mão para ajudar a levantar da cadeira, sempre peguei um copo de água bem gelado pra você beber, sempre mudei o canal da televisão e deixei você assistir o jornal, ou seu futebol preferido. naquele dia no hospital, em que fiquei segurando sua mão e você abriu os olhos pra mim, soube que era temporário, e entendi que você voltaria apenas pra preparar um pouco mais nossos corações. descanse, como um grande homem merece. você se foi em paz, e deixou muita saudade. guardo na lembrança aquela nossa foto, em que coloquei uma peruca rastafari na sua careca e um berimbau em sua mão... eu com aquela cara de muleca, e aquela saia ridícula de vaquinha. que saudade vovô, pra sempre saudade :.

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