quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Um instante concreto

pisar sobre as pedras
abandonar os asfalto por alguns instantes
me ligar no que existe de concreto nesse mundo
na natureza
que só revela
não esconde nada
me faz respirar mais fundo
é madura
inicia e termina seu ciclo
em S I
outro ritmo
as coisas não acontecem
se transformam
um ser, que são dois distintos e semelhantes
uma dupla de um?
antes de ser isso que sou agora
sempre fui eu
e não são poucos que me esperam para concluir ciclos
e mais ciclos, que se repetem
quando só,
me sinto no fluxo corrido do instante seguinte
e mudo muito
é um diálogo comigo mesma
e o mundo me choca contra os outros
que esperam uma explicação
quem acompanha e aceita meu ritmo?
é ilusão achar que se dança a dois?
eu danço o tempo todo
ali o ar era tão úmido
achei que tinha dito alguma palavra
mas não
o silêncio era a sinfonia mais bela já apreciada
umedeceu meus pulmões
banhou por dentro de mim
só o silêncio fala tanto assim comigo
quando mais perto de tocar as nuvens eu chego
mais eu me pergunto
como alguém pode viver sem experimentar?
eu senti que sou um anjo
cheia de humanidade
meu coração é puro e úmido
não vejo outro jeito de viver
é amor demais.
amor pelo bicho humano
pelo racional sensitivo
o caminho é bonito!
a paisagem é grátis!
A NATUREZA É CONCRETA.
é possível ainda se sentir em paz.

[Desligue a música, agora. Seja qual for, desligue. Contemple o momento presente dentro do silêncio mais absoluto. Mesmo fechando todas as janelas, eu sei, é difícil evitar esses ruídos vindos da rua. Os alarmes de automóveis que disparam de repente, as motos com seus escapamentos abertos, algum avião no céu, ou esses rumores desconhecidos que acontecem às vezes dentro das paredes dos apartamentos, principalmente onde habitam as pessoas solitárias. Mas não sinta solidão, não sinta nada: você só tem olhos que olham o momento presente, esteja ele — ou você — onde estiver. E não dói, não há nada que provoque dor nesse olhar. Não há memória, também. Você nunca o viu antes.]
CaioF.

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